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  • 8 de janeiro de 2018

BNDES vai investir R$ 54 bilhões em projetos de infraestrutura até 2019

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) liberou R$ 19,83 bilhões para projetos de infraestrutura em 2017, alta de 13% em relação a 2016.

Entre 2018 e 2019, o setor deve receber um volume maior de financiamento, na faixa de R$ 54 bilhões, dos quais R$ 23 bilhões poderão ser investidos já neste ano, informou ontem a diretora de infraestrutura instituição Marilene Ramos.

Essa previsão foi feita a partir de projetos já enquadrados ou em análise no banco, que somam R$35,9 bilhões, acrescidos de estimativa de R$ 18 bilhões em novos financiamentos a partir de leilões de energia.

As contratações de projetos também avançaram em 2017, ao registrarem alta de 26%, para R$19,45 bilhões. Esse crescimento foi puxado pelas obras na área de energia, setor no qual os desembolsos tiveram acréscimos de 69%, para R$ 13,43 bilhões.

Ramos destacou que o BNDES continuará dando prioridade ao segmento. Cerca de 60% dos R$ 54 bilhões serão direcionados para obras de geração, transmissão e distribuição de energia, com foco em projetos de fontes renováveis, como solar e eólica.

O pesquisador do Centro de Estudos em Regulação de Infraestrutura (CERI) da Fundação Getulio Vargas (FGV) Edson Gonçalves, diz que é “muito importante” o apoio do BNDES ao setor de energia. “Nós temos uma série de restrições na oferta de energia no Brasil. O fato de o País ter crescido por volta de 1% em 2017 até nos deu um certo alívio nessa parte. Mas, quando começarmos a crescer mais, a questão da oferta energética será um problema”, afirma Gonçalves. “Por isso, acho muito interessante esse posicionamento do BNDES, principalmente por apoiar a fonte eólica e solar”, acrescenta.

Conjuntura a favor

Segundo o pesquisador, há uma série de fatores que irão beneficiar os investimentos em energia nos próximos dois anos. Para Gonçalves, o fato de o setor possuir uma participação maior do segmento privado do que outras áreas de infraestrutura deve proteger as iniciativas de eventuais choques vindo das eleições.

“Além disso, os últimos leilões de energia tiveram uma boa performance, ao atrair de volta ao País empresas conceituadas, como companhias europeias”, diz Gonçalves.

Por outro lado, ele considera “difícil” que projetos de saneamento básico e de gás possam deslanchar, tendo em vista que estas são áreas com forte presença estatal e nas quais há um “ranço” histórico com a participação privado.

Segundo Ramos do BNDES, o setor de energia deve receber financiamento da ordem de R$ 32,6 bilhões até 2019. “Mas outras áreas também terão crescimento expressivo, especialmente nos setores de logística, com rodovias e ferrovias, e de hidrovias”, informou.

O sócio da Pezco Economics Frederico Turolla, por sua vez, avalia que a expansão dos desembolsos do BNDES em infraestrutura no ano passado reflete mais uma retomada do setor do que um aumento da participação da instituição nesses investimentos.

Turolla estima que os aportes totais em infraestrutura devem crescer a uma taxa superior às liberações do BNDES, nos próximos. Segundo o economista, um dos fatores que está contribuindo para a recuperação do segmento é a queda da taxa básica de juros (Selic) no último ano, o que vem reduzindo o custo dos empréstimos no País.

“Além disso, há uma expectativa de que o resultado das eleições, este ano, seja favorável às reformas [como a da Previdência Social]. Ademais, há projetos avançando nos governos estaduais e municipais”, comenta Turolla.

Segundo a diretora de infraestrutura do BNDES, a projeção de R$ 54 bilhões está garantida, mesmo se o BNDES devolver todos os R$ 130 bilhões da dívida com o Tesouro Nacional, conforme solicitou o Ministério da Fazenda. “Acreditamos que o BNDES tem condição de ter o funding necessário para atender essa demanda”, afirmou Ramos.

Ao citar exemplos de projetos que podem receber aportes do banco de desenvolvimento, a superintendente da Área de Saneamento e Transportes, Luciene Machado, mencionou o plano de investimento 2015-2019 da Rumo Logística, que está em “fase final de análise”. Em 2016, o banco liberou total de R$ 88,3 bilhões. O BNDES informará os dados fechados de 2017 no dia 30.

Fonte: PAULA SALATI – 05/01/2018

www.dci.com.br/economia/bndes